As notícias chegam dos mais variados pontos do globo.
Reino Unido com pressão sobre os créditos, Austrália com problemas no preços e stock, EUA com quem quer casa a ter de construir no quintal dos pais, Norte e Sul da Europa com problemas com os empréstimos e as taxas de juro.
Agora estão todos com "falta de habitação"!?!
O que não deixa de ser curioso em países onde as taxas de natalidade não são lá muito "positivas".
Faltam camas no apoio aos idosos, e os mais novos não conseguem arranjar onde ficar.
Apesar de haver mais habitações que famílias, a falta é "impressionante".
Mas mais curioso é que esta tendência não escolhe região do mundo.
Parece mais endémico que a pandemia.
Todos estes resultados parecem apontar para os problemas associados com as taxas de juro. Mas será só isso?
A verdade é que as classes médias (que cada vez mais são classes baixas, e com os fossos a alargarem) são empurradas para periferias cada vez mais distantes dos centros, e os quarteirões de 15 minutos, que se ambicionavam no período da pandemia, ficam cada vez mais para turistas e para classes altas.
Com o crescimento das populações nas grandes cidades, seja por cidadãos seja pelos volumes migratórios, os problemas adensam-se com necessidades de mobilidade que também não são benéficas para os desejos de sustentabilidade e para o meio ambiente, e para as metas ambientais que tanta vezes são definidas.
Por muita "sustentabilidade" que se introduza na construção e desenvolvimento de nova habitação, todo o resto que lhe vem associado mais que "queima" a meta.
Ao mesmo tempo vamos fazendo desaparecer os espaços verdes nas cidades e tendo cimento por todo o lado. Mais um dos preços da "evolução"?
Enquanto isto vão sendo abandonados os espaços do interior dos países e ao progressivo aumento dos fogos florestais em áreas onde isso nem sequer era tão habitual.
Menos fica para o "ambiente". Mais ambiente "cosmopolita"...
E em 2030 uns 60, 70 ou 80% da população vive no que se convencionou chamar de "cidades". Urbes.
Mas será que as casas desapareceram mesmo todas? Será que o abandono ou a procura de "rentabilidade" com estes ativos no meio das cidades, não estará a "corromper" a oferta?
Muitos dos programas que se vão iniciando pelo globo fora, continuam a não apresentar resultados objetivos. Redução da habitação dedicada ao turismo, controlo de preços, habitação controlada pelo Estado.
Verdade que em muitos locais o Estado andou descontraidamente a deixas as coisas acontecer sem ter nenhuma atitude em termos de futuro.
Não tanto nos países a norte que têm uma forte tradição no arrendamento e em habitação desenvolvida pelo Estado (local ou nacional).
Como se explica e se encontra soluções neste cenário?
Aparentemente para diferentes locais, as causas variam, apesar de a inflação e as taxas de juro serem as mais comuns. E nem vamos falar da recessão que teima em espreitar.
Se há países onde o crescimento do turismo é um dinamizador da situação, outros a especulação tem triunfado sobre o poder de compra.
Se seguirem as notícias, há problemas com a habitação em todos os hemisférios. E não se inclui os países ou regiões onde há conflitos.
Europa, EUA, China, Japão, Austrália, todos se encontrão com problemas de diferentes origens mas todos relacionados com a "falta de habitação".
Dado que as taxas de juro não se espera que baixem no futuro próximo, até porque foi o "dinheiro barato" que trouxe grande parte destes problemas que depois foram exacerbados pela pandemia e o conflito, as soluções terão de passar por outros cenários.
Uns que tenham em consideração que, se já há problemas financeiros em várias classes sociais, se a recessão chegar a aparecer, ainda fica pior que nos idos 2011.
Para Portugal será que os projetos do governo de estimular a reabilitação, nomeadamente através dos imóveis devolutos, é uma solução que resolva o problema? Resolver não resolve, mas poderá ser um impulsionador.
O problema no país nunca foi a falta de habitação construída, mas a situação gerada, principalmente pelo próprio Estado, de os edifícios fiquem ao abandono décadas e ninguém tem uma intervenção para sanar essas situações.
Mais depressa o edifício cai, ou há um incêndio ou uma qualquer outra tragédia, do que uma autarquia ou qualquer outra entidade atua.
Perder votos pode não ser uma coisa agradável, mas quem se candidata também será para a causa pública e o bem de todos. Acho que "votos" não faz parte do cenário ou do negócio, nem deverá estar em qualquer lei.
Mas como dizia alguém: "melhor do que ser político é ser ex-político".
Não podemos, nem devemos interferir, nos movimentos migratórios que o planeta tem.
Nem nos naturais, nem em outros (até porque os "outros" foram quase todos criados pelas "potências" ocidentais quando se apropriaram de muitos territórios).
Num continente em que a população envelhece, o rejuvenescimento poderá ter aqui uma forma mais rápida de repor o saldo da natalidade. Para além de que, também os nossos compatriotas, continuam a emigrar (e ocupam menos habitações por cá, são mais jovens e com melhores qualificações).
Que outras soluções podem ser despoletadas para ajudar a resolver o problema, se não no mundo, no nosso jardim?
O abandono de certas regiões deveria ser contrariado. Pessoas originárias de outros países mudam-se para estes locais, é porque devem ter alguma coisa especial.
Porque é que nós continuamos sem perceber isso?
Com cada vez mais turistas, e com o sol a brilhar em todo o território, deverá outras coisas para vender para além da praia.
Aliviar a pressão sobre as áreas com maior crescimento da população, estimulando outras partes do território, desenvolvendo atividades económicas que podem ajudar ao crescimento de áreas do país que estão "adormecidas".
O investimento em certos tipos de turismo, como os nómadas digitais, poderá também ajudar a reduzir a sazonalidade e criar novas fontes de rendimentos. Talvez...
Com um país com tantas regiões espetaculares, pode-se dispersar as atividades e o investimento sem a canibalização de que todos têm tanto medo.
E nem sequer há assim tanto território para dispersar. E com tantos milhões a chegar alguém podia fazer a conta de quanto é que isso dava por metro quadrado.
Muitas soluções, houvesse vontade, poderiam ser estimuladas de modo a que tanto para os que (sobre)vivem nas metrópoles como aqueles que se encontram em espaços em comunhão com a natureza, possam ver resolvidos os seus problemas de habitação e criar uma economia mais inclusiva e atrativa.
Tem mais ideias?
Partilhe conosco, quem sabe conseguimos resolver o problema que tantos políticos continuam a não "ter" soluções.
Pomos estes cérebros a funcionar e...
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