Comunicadores/Associados
9 de jan de 20233 min
O mercado imobiliário, apesar de não perder o seu fulgor totalmente, vai perdendo velocidade.
Por um motivo ou por outro, como é natural, investidores e clientes vão reagindo às alterações das condições no terreno e económicas, e vão procurando alternativas.
Alterações económicas, das cadeias de distribuição, dos custos das matérias primas, do crescimento dos juros, das dificuldades do acesso ao crédito, etc., todas influenciam a decisão de investir.
Estas alterações do mercado têm provocado mudanças na procura.
Nomeadamente porque as facilidades de acesso ao crédito e os preços elevados no mercado nos últimos anos colocou muitas famílias a realizar empréstimos no limite da sua capacidade de pagamento.
O que poderá conduzir a uma situação similar à vivida em 2008/2011, com a necessidade de entrega de habitações à banca ou a colocação de algumas no mercado.
O que pode significar um crescimento da concorrência para o mercado da habitação nova.
Isto irá colocar algumas famílias na procura de alternativas, junto com aquelas que não conseguem aceder ao crédito.
Um desses mercados será o de arrendamento.
Mas o mercado de arrendamento em Portugal está muito complexo.
Há mesmo uma crise neste mercado. Crise de stock.
Não é algo único ao nosso mercado, mas é muito grave dado que o país habitou-se nas últimas décadas a adquirir hipotecas para ter habitação, pelo que a construção para este segmento tem sido reduzida.
Noutros países, onde o hábito de arrendamento está mais enraizado, o volume de oferta é bem maior, mesmo com os preços a apresentarem um crescimento. Mas como a oferta é maior...
Como tivemos a oportunidade de referir numa das nossas publicações aqui no blog, em Abril de 2021, o "Build to Rent"(B2R) parecia vir a tornar-se numa solução para alguns investidores, dado as circunstâncias de mercado e das alternativas de investimento.
No entanto, o investimento, com a saída da pandemia voltou-se para soluções comerciais ou para as empresas que, para surpresa de muitos, regressaram para instalações físicas em muitos casos, introduzindo algumas alterações à forma e espaços de trabalho.
Será que as promessas dos nossos governantes no que se refere à habitação acessível se vão, alguma vez, concretizar?
É difícil de conceber que sim, principalmente quando há sempre o velho jogo do empurra entre Estado central e autárquico (entre outros).
Os sistemas também são lentos, nomeadamente no que se refere ao licenciamento, para que o desenvolvimento deste tipo seja realizado a curto prazo.
Ou com a velocidade necessária, pelo que esta poderia tornar-se numa forma de incentivo.
Algo que tem afectado o mercado é a observação da evolução do mercado em outros países com a continuação de factores como o COVID, o conflito na Ucrânia e a subida das taxas de juro.
A Suécia (Bloomberg), o Reino Unido (Bloomberg) e mesmo a Alemanha (Bloomberg), têm tido quedas no mercado, algumas bem acentuadas como é óbvio nos artigos referenciados.
Uns com quebras nos preços outros com um mercado sem oferta.
Mesmo o maior mercado habitacional do mundo, a China, tem sido abalado fortemente com falências e falhas de entrega de muitos compradores.
Com a tendência de baixa do crescimento económico um pouco por todo o mundo, os preços acabam por eventualmente ter de ceder, pelo menos para quem se endividou para investir.
Será que neste contexto vamos mesmo conseguir fazer um mercado de arrendamento florescer?
As promessas de arrendamento acessível por parte das autarquias e do Estado, serão sempre insuficientes para as solicitações dos milhares que necessitam soluções.
A solução estaria mesmo no estímulo ao "Build to Rent" e a soluções similares, que têm sido desenvolvidas para os estudantes, mas ainda com preços muito elevados.
A rentabilidade destes activos, apesar de dilatada no tempo, será sempre garantida.
Necessita de uma gestão profissional e de uma abordagem diferenciada, mas será um tipo de negócio de retorno continuado, particularmente dada a procura existente.
Haverá vontade política para fazer acontecer?
E quem serão os investidores interessados?
Os que desenvolvem este tipo de soluções no resto da Europa e já detêm o conhecimento na sua gestão, e onde os mercados estão a ser mais "castigados" nesta fase?
E se as tendências de mercado que começam a assolar outros países se vierem a estender até cá, não será a aposta mais interessante?
Naturalmente que é um tipo de investimento que requer alguma análise prévia e a selecção de um segmento de mercado permeável a este tipo de soluções, mas com a alteração de mentalidades e de receptividade a este tipo de projecto, como aliás elencamos anteriormente na nossa publicação de Abril e noutras análises de mercado, é uma área muito interessante de investimento e de rentabilidade constante, com menor risco que alguns mercados de capitais.
E com cidades como o Porto e Lisboa, a crescer em termos de empresas estrangeiras, nomeadamente ligadas à tecnologia, a criarem postos de trabalho, o mercado está a crescer todos os meses para este tipo de solução.
Então quem vai incentivar esta aposta? E quem a vai liderar? Serás tu?