E 2021 vai ser mesmo diferente, ou será mais de 2020?
Com a continuação da pandemia o mercado imobiliário prossegue com alterações a vários níveis, principalmente nos objectivos de investimento.
Entre estes estão os tipos de investimento, particularmente no Porto e em Lisboa.
Com as vendas de habitação a assistir um desacelerar fruto dos confinamentos e da evolução da situação económica, e os escritórios a encontrarem-se numa indefinição fruto das alterações às formas de trabalho de parte da população (e com a incógnita de para quando e de que modo se dará o regresso), já para não
falar nas actividades relacionadas com o turismo, as apostas dos investidores e dos promotores voltam-se para outras áreas.
Diversificar sempre foi o segredo de uma boa estratégia de investimentos.
Assim, e seguindo a mesma sequência de eventos e de alterações despoletadas pela pandemia, a logística e os edifícios "multifamily" passam a assumir o destaque nas motivações para o investimento (entre outros).
Trata-se de uma evolução que já se vinha a sentir recentemente, mas que, à semelhança de outras evoluções, ganhou uma aceleração e tracção acrescida decorrente da situação pandémica e da procura de soluções alternativas de investimento, nomeadamente por parte de investidores estrangeiros (alguns com experiência ou conhecimento nestas áreas da imobiliária).
Continuando a manter-se as condições que transforma este sector numa área de rentabilidade acrescida e segurança, comparativamente com outros activos, nomeadamente os financeiros, as atenções voltam-se para as áreas que têm ganho procura ou interesse no imobiliário.
A logística assistiu a grandes ganhos nomeadamente pelo crescimento das compras online e das alterações do comportamento dos consumidores de adesão às soluções digitais quando se encontram fortemente condicionados nas suas actividades (à semelhança dos comerciantes e distribuidores) decorrente principalmente dos períodos de confinamento.
Por isso as necessidades de "last mile" para muitas empresas ligadas ao e-commerce cresceram, assim como das empresas relacionadas com a distribuição que assistem as empresas que passaram a contar com o comércio electrónico como forma de dar continuidade (mesmo que seja só alguma) aos seus negócios.
Os empreendimentos e as soluções "multifamily" resultam, igualmente de uma evolução do mercado em termos de procura, assim como da percepção da procura de soluções com rentabilidade que venham preencher uma lacuna do mercado em Portugal relativamente à habitação, particularmente para arrendamento nas cidades com reduzido stock para o segmento médio e médio-alto.
Estes espaços conferem também a possibilidade de se criar uma "comunidade" de interesses e ou situação partilhados, que é algo que a sociedade está a começar a valorizar dadas as condicionantes impostas pelos retiros forçados pelo #covid.
Para além desta relação tem também relevância a forma como os segmentos da população que se encontram nas gerações Millennial e Gen Z, encaram a questão da propriedade e da mobilidade para este tipo de produtos.
Não entrando em análises comportamentais e sócio económicas, é um facto que estas duas gerações já passaram (ou estão a passar) por duas crises económicas e sociais de maior impacto que há registo na história dos últimos cem anos.
Para além de que o futuro dos escritórios permanece uma incógnita, assim como será o regresso a uma actividade num espaço físico, sendo que cada vez mais, e um pouco por todo o mundo as opiniões dividem-se e as decisões das própria empresas também. Será que vamos voltar ao antigamente, ou vamos ter espaços e vidas partilhadas de forma a mantermos alguma interacção?
Assim, o ano de 2021 irá ter alguns movimentos interessantes, com alterações nas áreas de investimento (pelo que se perspectiva) e de foco em soluções alternativas alterando algum do foco e da procura em termos de alvos, tanto pela oferta como da procura.
Este paradigma vem acrescentar a outros movimentos sobre os quais já tivemos oportunidade de comentar, como a alteração das características das habitações que as famílias procuram resultado da experiência que estão a ter com os confinamentos.
Por isso, sim, 2021 antevê algumas alterações em termos de tendências no imobiliário. Outras haverá, como as que se vão tornar mais marcantes em termos de comportamento e de adaptação a uma realidade continuada e que, pelo que também se tem antecipado, irá persistir um pouco por todo o mundo, com o tempo que demorará a debelar a pandemia e a criar condições para que um novo normal se torne a nova forma de viver as cidades.
Vamos acompanhando consigo o evoluir de todas estas situações.
E que outras tendências tem sentido e que fazem parte deste novo ano?
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